Acabo de sair de uma aula frustrante de um 2°ano do E.M. É aterrorizador saber que você não tem valor algum diante de tantos adolescentes. É de adoecer qualquer indivíduo, por melhor profissional que ele seja...
Estava tentando falar sobre cultura de massa, um tema bem interessante e geralmente envolvente entre eles, que logo se identificam com a proposta. Mas todo esforço é vão quando se tem uma sala de 40 alunos, todos mais interessados em seus clichês inquestionados, suas músicas sem qualidade, o seu afeto ao consumismo desnecessário de celulares gratuitos.
Pensei que o motivo daquela conversa poderia ser muito proveitosa pra eles. Mas a regra é não ter regra em se tratando de sala de aula super lotada, pois quase nada dá certo. A não ser as inconveniências.
Quis chorar diante daqueles seres tão sem culpa, e me senti culpada por isso. Pensei em antidepressivos que trouxessem novamente minha alegria de viver. Minha juventude que me foi tirada pelo escárnio de adolescentes perversos.
Alguns podem até mesmo questionar e dizer: "mas você é adulta, eles ainda são crianças e não sabem o que fazem..." A esses tenho a incrível solução de encaminhá-los apenas um dia, ou melhor, apenas uma ou duas aulas seriam suficientes para abrir-lhes os olhos da condição alienante em que vivem nossa adolescência atual. Tamanho desrespeito para com o outro, tamanho desinteresse os assola diante de problemas brutais que ocorrem no mundo.
A escola deveria melhorar sua condição tecnológica? Sem dúvida. Mas não é esse o ponto. Pois estamos tratando de uma questão mais abrangente do que tecnologia na sala de aula como recursos didáticos. A questão que se coloca é: vivemos num mundo midiático, onde se consome cada vez mais desenfreadamente, onde o que se vende não são apenas produtos materiais, mas ideologias estigmatizadas pela sociedade, padrões de conduta que extrapolam nosso bom senso. Portanto, qual é nosso papel enquanto educadores de pessoas completamente aquém dos problemas centrais que ocorrem no mundo? E mais ainda, como fazê-lo?
Volto a primeira proposta central desse blog, pela redução da quantidade de alunos em sala de aula, portanto a construção de novas escolas. Redução na jornada de trabalho dos professores, que não aguentam trabalhar por longas horas semanais, estando submetidos a esse meio problemático escolar.
Sem esses primeiros passos na educação, uma educação de qualidade será mera utopia, teoria fajuta perambulando no nada, vazio existencial do ser humano.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu nunca pensei que um professor sofresse tanto.
ResponderExcluir